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Hospital do trabalhador reduz o tempo de permanência no PS em 79%!

Hospital do trabalhador reduz o tempo de permanência no PS em 79%!

A parceria do Ministério da Saúde com hospitais privados de excelência tem trazido resultados surpreendentes. Agora foi a vez do Hospital do Trabalhador em Curitiba de participar desta experiência e ingressar no mundo da filosofia Lean.

A proposta desta reportagem é divulgar boas práticas realizadas em hospitais a partir do Lean ou metodologias de gestão em processos. Através de uma manhã de benchmarking feito com a Gerente de Enfermagem Eveli Laurianti, descobrimos as ações que possibilitaram atingir valores impensáveis para toda a equipe.

O processo se iniciou por meio do diagnóstico com a ferramenta Mapeamento de fluxo de valor – MFV(Conhece essa ferramenta?), desenhando o fluxo do processo em cartazes brancos com o auxílio de post-it. Com o mapeamento feito, chegou a vez de identificar a capacidade de atendimento para cada etapa, podendo ser extraído de relatórios de sistemas eletrônicos caso o indicador seja confiável, mas é fortemente recomendado que a análise seja feita por papel, caneta e cronometro, conforme prega o conceito de No Gemba Genbutsu. Identifica-se também a quantidade de pacientes em “estoque” antes de cada ponto de atendimento. Entende-se com estoque o paciente que está na fila, aguardando ser chamado, sendo que a quantidade de pacientes multiplicada pelo tempo médio de atendimento será o tempo total de estoque.

Com todos os dados em mãos, escreve-se em baixo de cada processo. A análise é simples: o processo que leva mais tempo é o gargalo! Sendo assim, começam os planos de desenvolvimento para nivelar todos os processos em tempos similares. No caso do HT, a análise identificou que entravam muitos pacientes, mas não saiam na mesma frequência, criando um acumulo muito grande de pacientes dentro do setor.

A ação mais impactante tomada foi em criar níveis de atuação conforme a lotação da internação do OS.

  • Nível 1:  considerado normal, podendo internar até 14 pacientes no PS (internação de até 3 dias) os enfermeiros e médicos seguem seu ritmo de atendimento;
  • Nível 2: De 14 a 19 pacientes, aciona-se o nível 1 e ações para alta começam no PS para intensificar a rotina de atendimento, identificar leitos vagos para internamento e remanejamento de pacientes;
  • Nível 3: de 20 a 24 pacientes a gerente de enfermagem comunica o Coordenador Médico para fechar o atendimento a Siate/Samu por 2h. Ações por todo o hospital começa a serem executadas com o intuito a normalizar a situação: A farmácia agiliza a disponibilização de medicamentos e antibióticos. O centro cirúrgico suspende cirurgias eletivas para priorizar atendimento do PS. O serviço social entra em contato com familiares. O laboratório agilizar a liberação de resultados de exames. Enquanto o NIR aciona a equipe médica para antecipação de alta, identifica leitos vagos, intensifica a rotina, viabiliza leitos vagos e comunica a UTI para agilizar altas.
  • Nível 4: de 25 a 30 pacientes as ações do nível 3 se mantém, além de comunicar a direção geral, o chefe de plantão e coordenadores de especialidades e inclui a hotelaria para agilizar os processo de liberação de leitos.

A notificação é realizada por “semáforos” instalados em todos os setores e comandado pelo PS.

Semáforo no alto no posto de enfermagem.

Além desta ação, foram reorganizados os processos internos de atendimento, permitindo o fluxo contínuo de pacientes desde o primeiro atendimento.

Além da aplicação do MFV, para facilitar a execução das ações foi realizado o 5s, removendo estoques desnecessários e desperdícios, promovendo uma verdadeira limpeza no setor e preparando os colaboradores para as mudanças que estavam a caminho.

Para capacitar a equipe, a Enf. Eveli criou uma maquete do PS, e simulou os diferentes níveis de atendimento com bonecos, ambulâncias e até mesmo o helicóptero de resgate!

A gerente de enfermagem com os bonecos utilizados para auxiliar no treinamento.

O resultado não podia ser diferente, o tempo de permanência caiu de 14 horas para 3 horas, uma redução de 79%. Para diagnósticos de internação, o tempo era em média de 26 horas e em 4 meses de atuação o valor chegou a 4 horas, 15% do tempo anterior, mantendo-se estável pelos meses seguintes. O hospital que atendia em média 5 mil pacientes mês no PS de forma turbulenta passou a atender 6,2 mil pacientes sem nem sentir-se pressionado.

Sendo que os custos envolvidos no projeto se limitaram a capacitação da equipe no novo processo e pequenas obras para reorganização do setor.

O HT e a Eveli são provas que o Lean funciona na saúde, e traz resultados tão fantásticos quanto na indústria. A questão hoje é se você é capaz de aplicar Lean no seu hospital?

Agradeço a Eveli por compartilhar o conhecimento e nos atender de forma tão dedicada.

No HT o Lean foi aplicado pelo PROADI. Mas se você quer aplicar o Lean no seu hospital, pode contar com o nosso apoio. Entre em contato!

Eduardo Pierin

Palestrante e promotor de Lean Healthcare Instrutor de treinamentos em ferramentas de melhoria contínua Construtor de equipes de alta performance em processos de mudanças Entusiasta da filosofia Lean transformando o setor da saúde!